28.12.05

Quem sabe programar calculadoras e computadores?

Augusto Viana observa que a utilização das calculadoras não prescinde da sua programação, dando a cada utilizador a possibilidade de elaborar as suas próprias rotinas de cálculo ou gráficas. Ora, não há uma tradição de programação de calculadoras (ou de computadores) associada ao ensino da Matemática no ensino secundário e, mesmo no que respeita à sua própria formação, muitos professores têm, quando muito (na Universidade) uma cadeira de programação – BASIC, PASCAL ou outra, (Viana, 2000:25) sentindo-se por esse motivo inibidos de activar a “misteriosa tecla PROG” (ibidem). [Entre parêntesis: Porque não se realizaram acções de formação com vista a dotar os professores destas competências?]
Os manuais das calculadoras apresentam como exemplos assuntos respeitantes ao ensino superior, procurando, deste modo, evidenciar as inúmeras potencialidades das suas máquinas (ibidem), constituindo outro factor inibidor por parte dos professores e dos alunos. Estes raramente têm paciência para consultar exaustivamente o manual da calculadora e, quando o tentam fazer, deparam com essa barreira – assuntos que não conhecem teoricamente e programas tão complexos que, até os mais pacientes e brilhantes, mesmo que o quisessem, seriam incapazes de decifrar (ibidem). Porque será que a programação das calculadoras é uma tarefa abandonada pela grande maioria dos professores e dos alunos do ensino secundário? Será difícil e desinteressante?! Acresce que para tirar proveito das calculadoras, as primeiras tarefas de programação deverão começar no 10º ano, não deixando tudo para o 12º ano, quando já será tarde. Mais. Para que os alunos aprendam a programar, deverão começar com programas muito simples, que os motivem e lhes permitam ir conhecendo as instruções de programação (ibidem). No início, provavelmente, em resultado da simplicidade dos problemas propostos e do desconhecimento da linguagem de programação, será até mais simples resolver os problemas sem o recurso à calculadora, até que se adquiram as rotinas indispensáveis a uma utilização eficaz, permitindo aos “matemáticos puristas” fazer chacota dos colegas que utilizam as calculadoras mais frequentemente. Provavelmente até terão razão ao referirem-se às máquinas como uma moda, pois até deixarão de ser necessárias quando se banalizar a utilização dos computadores portáteis, hoje já comuns no ensino secundário no caso dos alunos com necessidades especiais.

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