Os breves posts anteriores não permitem responsabilizar os professores pelo insucesso escolar que se discute. Contudo, são suficientes para compreender que o debate não poderá ser entendido independentemente da sua actividade profissional, dos sistemas de formação inicial, contínua e especializada, das concepções de ensino, dos programas, da sua familiaridade com as tecnologias, do sistema de progressão na carreira, etc. Esta simples enunciação permite constatar a multiplicidade de aspectos susceptíveis de interferir na actividade profissional dos professores. Muitos dos aspectos acima referidos permanecem habitualmente à margem do debate que se trava, pois os actores apenas se referem ao que lhes interessa para defenderem as suas posições. O leitor certamente não esperará que se apresentem as justificações dos diferentes agentes, mas pretende-se que fiquem explícitas algumas das tarefas a realizar para entender a sua argumentação. Entre estas tarefas, refere-se a necessidade de integrar no debate os múltiplos aspectos relevantes que permanecem frequentemente esquecidos. A título de exemplo, referem-se seguidamente alguns desses aspectos.
Crê-se que não valerá a pena perder tempo a discutir os problemas educativos até ao 9º ano, designadamente porque o sistema de formação dos professores permite que se mantenham situação absurdas como a descrita por Marçal Grilo:
Hoje, um jovem pode reprovar no 7º, 8º e 9º ano de escolaridade a Matemática. No 10º ano, pode escolher a área de Humanísticas, pode ir parar a um curso de formação de professores do ensino básico quando entra para o superior e vem depois, a leccionar nos primeiros quatro ou seis anos de escolaridade, onde tem que ensinar álgebra, aritmética,...
Marçal Grilo, em entrevista a Dulce Neto (2001:61)
Como poderão estes professores ensinar Matemática?
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