28.12.05
Ao nível do 12º ano as diferentes concepções da Matemática dificilmente terão qualquer consequência sobre as práticas de ensino
Ao nível do 12º ano as diferentes concepções da Matemática dificilmente terão qualquer consequência sobre as práticas de ensino, porque “o exame torna-se um objectivo, o que vem para exame um programa, o ensino da matéria para exame um método”, na expressão de Hans Freudenthal, citado por Paulo Abrantes (1990). Certamente que em anos anteriores as diferenças serão mais marcadas. Os especialistas em “Ciências da Educação” preconizam um ensino de natureza construtivista, assumindo um papel de “educador, produtor de situações de aprendizagem, animador pedagógico, dinamizador de projectos, investigador, que gere recursos na concepção de variadas situações de aprendizagem, regula e aperfeiçoa a sua própria actividade de ensino” (Rafael, 2003). A diversidade das situações de aprendizagem que propõem, leva-os a considerar testes e exames, instrumentos redutores do processo de aprendizagem, “cada vez mais desajustados para avaliar as competências de nível superior” (ibidem). Desejariam implementar estratégias de ensino inovadoras, mas possuindo fracos conhecimentos de informática, a insegurança inibe-os de muitos desafios. As críticas metodológicas dos “matemáticos” aos especialistas das “Ciências da Educação” podem assumir grande violência verbal, mas observando que privilegiam os testes escritos como principal instrumento de avaliação, supostamente objectivo e rigoroso, adivinha-se que as suas propostas metodológicas serão relativamente pobres. Desenvolvendo a sua argumentação a partir do elogio ao raciocínio analítico, às capacidades de abstracção do “pensamento matemático”, torneiam elegantemente as possibilidades hoje oferecidas pelas tecnologias como se a sua utilização fosse uma moda passageira, desprezando computadores e calculadoras como reles quinquilharia. Também têm reduzidos conhecimentos de informática, mas separando a Matemática das tecnologias da informação, sentem-se tanto mais “matemáticos” quanto mais ignoram as tecnologias. Isto é, ou por insegurança ou por desconsideração pelas tecnologias, estas são geralmente postas à margem do processo de ensino. Independentemente das suas concepções de ensino da Matemática, os docentes sabem que as tecnologias tornariam a disciplina mais interessante e “apetecível”. Crê-se que a utilização dos novos recursos se reduz ao mínimo, exactamente porque os professores desejarão ocultar os défices de formação que sentem.
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