28.12.05

O modo como é leccionado o programa de Matemática não regista consenso

O modo como é leccionado o programa da disciplina não regista consenso entre os professores. Armando Machado e Luís Sanchez, professores do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, são os coordenadores científicos do REANIMAT, Projecto Gulbenkian de Reanimação Científica da Matemática no Ensino Secundário. Não propõem um programa alternativo ao actual, mas sim uma abordagem mais formal da disciplina, pois do seu ponto de vista “as indicações metodológicas têm contribuído para promover uma visão empobrecida e descaracterizada da Matemática” (http://www.ptmat.fc.ul.pt/~armac/Reanimat/). Este projecto reúne “matemáticos” que se insurgem contra os “especialistas das Ciências da Educação”. Luís Sanchez criticou mesmo o actual programa afirmando que “a sua versão final não ultrapassou a fase de rascunho, com redacção descuidada e agravada com a inclusão de erros evidentes e graves” (Sanchez, 1998:82). Na sua perspectiva “o descalabro atingido pela educação matemática no nosso país” tem sido o resultado da “política para o Ensino Secundário que vem a ser seguida de há uns bons anos até ao presente. Na formação inicial, nas acções de formação de docentes, e na tomada de decisões estruturantes para o formato do ensino tem vindo a ser conferido um peso crescente, sem dúvida excessivo, a especialistas de “Ciências da Educação”, e essa proeminência não tem sido suficientemente temperada com a intervenção de matemáticos (em parte por desinteresse destes, há que reconhecê-lo). As consequências estão à vista: criou-se uma pseudo-cultura matemática que é receptiva à secundarização de conteúdos científicos e que valoriza colecções de banalidades e até patéticas exibições de ignorância, desde que disfarçadas de ‘inovadoras’ e ‘pedagogicamente correctas’ de acordo com a ortodoxia do discurso actualmente dominante entre os profissionais da educação” (ibidem).

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