Estudar a educação é necessário, mas muito difícil. No recente relatório do painel norte-americano sobre o ensino da matemática (www.ed.gov/MathPanel), insiste-se repetidamente em que os estudos existentes não são conclusivos sobre um conjunto de aspectos cruciais do ensino da matemática. Afirma-se, por exemplo, que os estudos existentes não permitem defender o chamado «ensino centrado no aluno» (pág. 45). Afirma-se que não há dados conclusivos sobre as vantagens de ensinar matemática com recurso sistemático a problemas reais (pág. 49). Afirma-se, ainda, que não há dados científicos que permitam apontar vantagens no uso «da máquina de calcular no ensino elementar e recomendam-se restrições ao seu uso (pág. 50).
A modéstia e as precauções do estudo são elucidativas. E o conjunto de trabalhos de suporte, avassalador. O mais impressionante é que este painel adoptou as suas recomendações por unanimidade e reuniu durante dois anos alguns dos melhores especialistas norte-americanos. São nomes conhecidos em todo o mundo. Entre eles não se incluem apenas matemáticos e professores. Incluem-se também psicólogos e alguns dos grandes especialistas mundiais daquelas áreas que,em Portugal, se chamariam ciências da educação. Ler este relatório é um estímulo ao rigor. Percebe-se como é fácil cair em conclusões precipitadas e como muitas das ideias construtivistas defendidas por pessoas que se dizem especialistas em educação são apenas convicções românticas ou especulações infundadas. Por vezes são coisas piores, são pseudociência. E nada pior para aquelas que possam ser verdadeiras ciências da educação do que a pseudociência.
Nuno Crato
EXPRESSO, 05.04.2008
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